Em tempos de mudanças climáticas e crises ambientais globais, a consciência ecológica não pode ser deixada de lado em nenhum aspecto da sociedade, inclusive na política. As campanhas eleitorais tradicionais, marcadas por uma abundância de materiais impressos e poluição visual, estão sendo cada vez mais questionadas.
O eleitor consciente deseja ver não apenas propostas sustentáveis nas agendas dos candidatos, mas também práticas responsáveis no período de campanha. A eleição de 2024 já trouxe bons exemplos de candidaturas que priorizaram a sustentabilidade, e entre esses, destacamos o caso de Gabriel Biologia (PSOL), que conseguiu 30 mil votos sem usar papel.
Este artigo vai além da análise de uma candidatura bem sucedida, trazendo reflexões sobre como esse modelo, de campanhas eleitorais sustentáveis, pode ser replicado em outras campanhas e incentivando candidatos e candidatas a adotarem práticas mais limpas e responsáveis nas eleições futuras.
A Poluição das Campanhas Eleitorais Tradicionais
Historicamente, as campanhas eleitorais no Brasil sempre foram associadas ao uso excessivo de materiais impressos, como panfletos, cartazes, santinhos, faixas e outdoors. A disputa por visibilidade transformada nas ruas das cidades em verdadeiros depósitos de lixo visual e material, especialmente durante o período eleitoral.
A poluição gerada não é apenas visual, mas também ambiental, com toneladas de papel e plástico sendo descartadas sem qualquer controle, especialmente após o dia da eleição.
Além disso, o impacto dessas práticas é grave para o meio ambiente. Segundo Band News FM, Três dias após eleições, cidades de São Paulo ainda acumulam “santinhos” espalhados pelas ruas. A prefeitura da capital paulista recolheu, nos três dias subsequentes ao primeiro turno das eleições municipais 2024, mais de 142 toneladas de lixo dos locais de votação. Isso somente na capital, e ainda há muito lixo a recolher.
Esse número alarmante destaca o quanto as campanhas eleitorais tradicionais podem prejudicar o meio ambiente, especialmente se considerarmos o longo ciclo de resíduos de materiais como o plástico e as tintas tóxicas usadas nas regenerações.
Campanhas Sustentáveis: Uma Nova Abordagem
Em artigos anteriores, abordamos sobre o crescente foco em práticas ecológicas, e que o conceito de “campanha eleitoral sustentável” vem ganhando força. Esse tipo de campanha busca minimizar ou eliminar o uso de materiais que causam impacto ambiental negativo, como panfletos, adesivos e cartazes plásticos, além de apostar em plataformas digitais e tecnologias verdes.
No contexto eleitoral de 2024, uma das candidaturas que exemplifica essa abordagem inovadora é a de Gabriel Biologia (PSOL). Sua campanha é um exemplo claro de como um candidato pode alcançar grandes resultados sem recorrer a métodos tradicionais que poluem o meio ambiente. Com uma campanha 100% sustentável, Gabriel não utilizou nenhum papel ou material impresso, e ainda assim, conseguiu impressionantes 30 mil votos, mostrando que a sustentabilidade é uma estratégia não apenas ética, mas também eficaz.
O Caso de Gabriel Biologia: Votos Sem Papel

Gabriel Biologia, biólogo e ativista ambiental, utilizou a força das redes sociais e a participação comunitária para levar sua mensagem futura. Ao invés de encher as ruas com santinhos, Gabriel apostou em uma abordagem sustentável. Sua estratégia incluiu diálogo direto com a população e uma campanha com zero lixo.
Além disso, Gabriel Biologia especifica que sua campanha foi nas ruas conversando com as pessoas, entregando sua folhinha (espécie de santinho feito com folhas de arvores) e apresentando sua proposta, seus projetos. Isso não apenas diminuiu o impacto ambiental de sua campanha, mas também reforçou sua mensagem de proteção ambiental e responsabilidade social. Em suas redes, Gabriel frequentemente lembrava os participantes da importância de alinhar as práticas diárias, incluindo o voto, com uma postura sustentável.
A vitória de Gabriel não apenas demonstra que campanhas limpas/sustentáveis podem ser eficazes, mas também lança um precedente importante para futuras eleições. Seu sucesso é um indicativo de que os eleitores estão interessados em candidatos que não só falam de sustentabilidade, mas que também praticam em suas ações.
Sustentabilidade na Política: Um Caminho Necessário
O exemplo de Gabriel Biologia pode servir como um modelo a ser seguido por outros candidatos em futuras eleições. Além disso, abre espaço para uma reflexão mais ampla: como podemos transformar as campanhas eleitorais em um processo mais limpo e consciente?
Candidatos e partidos precisam entender que a sustentabilidade não deve ser apenas no discurso, mas também na prática. O eleitor consciente, cada vez mais atento às questões ambientais, espera que seus representantes demonstrem coerência entre palavras e ações. Uma campanha que gera toneladas de lixo é um indicativo de que o candidato pode não estar comprometido com questões ambientais no nível que o eleitor desejar.
Em 2024, com o segundo turno das eleições se aproximando do dia 27 de outubro, é fundamental que os eleitores e candidatos reflitam sobre o impacto ambiental das campanhas. A escolha de materiais impressos deve ser repensada, especialmente quando há tantas alternativas digitais e sustentáveis disponíveis.
Os partidos políticos devem incentivar o uso de meios de comunicação mais ecológicos, como as redes sociais, promover o engajamento por meio de plataformas digitais de forma consciente e utilizar meios sustentáveis de divulgação de campanha eleitoral.
O Papel do Eleitor na Campanha Sustentável
Se, por um lado, os candidatos têm um papel fundamental na criação de campanhas eleitorais mais sustentáveis, o eleitor também tem uma responsabilidade significativa nesse processo. É importante que os concorrentes escolham seus candidatos não apenas com base em suas propostas, mas também em suas práticas. Afinal, um candidato que promove práticas ambientalmente prejudiciais durante sua campanha pode não ter a mesma atenção quando estiver em um cargo público.
Além disso, os participantes devem rejeitar práticas antigas e contra, como a coleta de santinhos e adesivos que acabam descartados nas ruas ou entulhados nas lixeiras. Ao invés disso, é possível promover campanhas limpas, rejeitando materiais impressos e preferindo interagir com os candidatos presencialmente ou por meio de plataformas digitais. Ações simples, como recusar panfletos e questionar os candidatos sobre suas práticas ambientais, podem criar uma política cultural mais alinhada com os valores da sustentabilidade.
Como Replicar o Sucesso de Campanhas Sustentáveis
O sucesso de Gabriel Biologia deve servir como inspiração para futuros candidatos e partidos. Há várias maneiras pelas quais essa estratégia pode ser replicada:
- Investimento em Plataformas Digitais : O uso das redes sociais como principal ferramenta de comunicação já provou ser eficaz. Campanhas digitais são mais baratas, têm maior alcance e geram menos impacto ambiental.
- Educação dos Eleitores : Campanhas sustentáveis precisam educar os participantes sobre a importância de reduzir o uso de materiais impressos. Quanto mais o eleitorado entender os benefícios ambientais de uma campanha digital, mais dispostos a apoiar candidatos que adotem essa prática.
- Parcerias com Influenciadores e Ativistas : Assim como Gabriel Biologia fez ao mobilizar a comunidade digital, os candidatos podem se aliar a influenciadores e ativistas ambientais para amplificar suas mensagens.
- Iniciativas Governamentais : O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderia criar incentivos para campanhas eleitorais sustentáveis, como créditos fiscais para candidatos que priorizarem práticas ecológicas.
Segundo Turno: A Poluição Aumenta, Mas Pode Ser Evitada
No segundo turno eleitoral há um esforço maior para garantir a vitória. É também um momento em que o volume de propaganda pode aumentar significativamente para os candidatos que avançam para esta fase. No entanto, isso também pode gera uma intensificação na produção de lixo eleitoral, com mais panfletos, adesivos e cartazes sendo distribuídos.
Essa fase final das eleições oferece uma oportunidade crucial para refletir sobre como o uso desenfreado de materiais de campanha pode ser minimizado ou até eliminado. Tanto os eleitores quanto os candidatos podem agir para evitar o impacto ambiental negativo.
A adoção de estratégias sustentáveis pode ser intensificada no segundo turno, aproveitando o alcance de redes sociais e campanhas que obtiveram sucesso sendo sustentáveis. Isso não só economiza recursos, mas também promove uma interação mais próxima e direta entre o candidato e o eleitor.
O eleitor também pode ser um agente de mudança durante essa fase decisiva. Ao descartar materiais impressos, não os descartando nas ruas ou conscientizando outras pessoas a fazerem o mesmo, ele contribui diretamente para a redução da poluição. Se cada cidadão tomar atitudes mais conscientes, podemos ter eleições mais limpa e sustentável.
O Futuro das Campanhas Eleitorais Sustentáveis
À medida que avançamos para futuras eleições, o modelo de campanha adotado por Gabriel Biologia serve como um divisor de águas. Seu exemplo mostra que campanhas eleitorais sustentáveis não são apenas possíveis, como também podem ser bem-sucedidas, tanto em termos de resultados eleitorais quanto em popularidade entre eleitores preocupados com o meio ambiente.
A sustentabilidade nas campanhas eleitorais deve ser mais do que uma tendência passageira; deve se tornar o novo padrão. Como as eleições são momentos importantes de mobilização social, é extrema importância que essa mobilização não venha à custa do meio ambiente. Para que isso aconteça, a conscientização deve continuar: tanto os candidatos quanto os concorrentes têm papéis fundamentais a desempenhar na construção de um futuro mais verde e consciente.
Além disso, é importante que iniciativas como a de Gabriel inspirem outros partidos e políticos a adotarem estratégias de campanha mais responsáveis. Uma política sustentável não deve ser apenas discutida em palanques, mas praticada no cotidiano, inclusive durante os períodos eleitorais.
Candidatos comprometidos com a causa ambiental devem demonstrar isso também em suas práticas, fazendo escolhas que protejam o meio ambiente, mesmo nos detalhes de suas campanhas.
Conclusão
As campanhas eleitorais de 2024 trouxeram um avanço importante no debate sobre sustentabilidade, com exemplos inspiradores como o de Gabriel Biologia. À medida que o segundo turno se aproxima, é essencial que essa pauta continue no centro das atenções, para que possamos evitar os danos causados pela poluição ambiental e pavimentar o caminho para um futuro político mais consciente.
Os investidores também têm um papel crucial na construção dessa mudança. Ao apoiar e incentivar candidatos que adotam práticas sustentáveis, estão contribuindo não apenas para uma eleição mais limpa, mas para um planeta mais saudável. Que o exemplo de 2024 seja um marco na história das campanhas eleitorais e que a sustentabilidade se torne a regra, não a exceção.
Para aprofundar essa discussão, recomendo também a leitura do nosso artigo “A Importância de Votar em Candidatos com Metas Ambientais” , onde destacamos a necessidade de eleger representantes comprometidos com a sustentabilidade e o futuro do planeta. O debate não pode parar, e cada eleição é uma oportunidade de fazermos a diferença.