Onda Verde nas eleições 2024 ou Greenwashing Eleitoral? Nos últimos anos, a conscientização sobre as mudanças climáticas e a sustentabilidade cresceu de forma exponencial. O movimento em defesa do meio ambiente ganhou espaço em debates políticos, com a pressão de ativistas e organizações internacionais.
No entanto, junto com essa crescente preocupação, surge um fenômeno preocupante: candidatos que “surfam” na onda da sustentabilidade para angariar votos, sem um compromisso real com as pautas ambientais.
Hoje, vamos analisar como essa estratégia política vem sendo utilizada e quais os riscos para o movimento ambientalista.
O crescimento do ativismo climático
Com eventos climáticos extremos se tornando mais frequentes, a causa ambiental atraiu mais atenção da população, especialmente entre os jovens. Segundo um estudo de 2023 da Ipsos, mais da metade dos brasileiros acreditam que a crise climática é uma das questões mais urgentes do século.
Esse crescente interesse deu espaço para o fortalecimento de movimentos ambientais que, com o auxílio das redes sociais, mobilizam milhões de pessoas em protestos e campanhas por uma economia verde e justiça climática.
Diante desse cenário, muitos políticos perceberam a força desse movimento. Mas a intenção de alguns candidatos ao abraçar essa causa não é sempre genuína. A sustentabilidade, em alguns casos, tem sido utilizada apenas como um discurso vazio para conquistar o eleitorado, principalmente nas eleições de 2024, onde o tema do meio ambiente está sendo uma das principais bandeiras .
Greenwashing eleitoral: um perigo para a democracia
O termo greenwashing refere-se à prática de empresas que promovem ações de marketing para se posicionar como “sustentáveis”, sem realizar mudanças reais. Nos últimos tempos, essa prática também se expandiu para o âmbito eleitoral.
Candidatos que, em seus históricos políticos, pouco ou nada fizeram pelo meio ambiente, repentinamente se apresentam como defensores do clima, adotando um discurso superficial e populista, o que pode ser descrito como um “greenwashing eleitoral” .
Essa abordagem é perigosa por diversas razões. Primeiro, ela engana o eleitor, que pode acabar votando em candidatos sem um compromisso verdadeiro com as pautas ambientais. Segundo, ao banalizar a causa, esses políticos enfraquecem a luta legítima por um futuro sustentável.Quando o discurso vazio é exposto, muitos eleitores podem perder a confiança no movimento ambiental, associando-o a promessas eleitorais que não foram cumpridas.
Como identificar discursos vazios?
Para evitar cair nas armadilhas do greenwashing eleitoral, é essencial que os eleitores analisem o histórico dos candidatos. Quais são suas ações concretas em prol do meio ambiente? Participaram de projetos de lei relacionados à causa? Apoiaram movimentos de proteção à Amazônia, combate ao desmatamento ou à preservação de biomas? Um simples discurso pró-sustentabilidade durante o período eleitoral não é suficiente para garantir compromisso.
Além disso, é importante buscar fontes confiáveis para verificar o alinhamento entre o discurso e a prática. Plataformas como Ranking dos Políticos e ONGs como Greenpeace e WWF Brasil oferecem análises sobre a atuação dos representantes no Congresso e outros órgãos políticos, especialmente em relação às pautas ambientais .
Consequências para o movimento ambientalista
Quando candidatos sem compromisso real com a sustentabilidade se elegem, as políticas públicas ambientais tendem a ser afetadas. Em vez de avanços, o que se vê muitas vezes é o uso da pauta apenas como uma ferramenta de marketing. Projetos de lei em defesa do meio ambiente são engavetados ou recebem pouca atenção, enquanto ações que favorecem setores como o agronegócio ou a exploração de recursos naturais ganham prioridade.
Essa falta de compromisso real contribui para a perpetuação de problemas graves, como o aumento das queimadas, o avanço do desmatamento e a perda da biodiversidade . Para que o Brasil cumpra suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e de proteção de seus biomas, é necessário que os políticos eleitos estejam verdadeiramente comprometidos com a causa.
A pauta ambiental nas eleições de 2024 é, sem dúvida, central. Porém, é preciso que o eleitor esteja atento para não cair em promessas vazias. O greenwashing eleitoral é uma estratégia que pode prejudicar não apenas o movimento ambientalista, mas também a credibilidade das políticas públicas sustentáveis. Para evitar isso, é necessário investigar o histórico dos candidatos e garantir que aqueles que prometem defender o meio ambiente tenham ações concretas em seus currículos. O futuro do planeta depende da seriedade com que tratamos essas questões nas urnas.
Referências
- IPSOS. 61% dos brasileiros acreditam que terão que se mudar por conta de mudanças climáticas nos próximos anos, aponta pesquisa da Ipsos. São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.ipsos.com. Acesso em: 28 set. 2024.
- WWF BRASIL. A atuação dos parlamentares brasileiros em questões ambientais. Brasília, 2023. Disponível em: https://www.wwf.org.br. Acesso em: 28 set. 2024.
- GREENPEACE. Relatório sobre queimadas e desmatamento no Brasil. São Paulo. Disponível em: https://www.greenpeace.org/brasil. Acesso em: 28 set. 2024.