As campanhas eleitorais no Brasil, especialmente as municipais, carregam um fardo ambiental pesado. Milhões de panfletos, bandeiras, adesivos e faixas são distribuídos para atrair eleitores, mas, infelizmente, grande parte desse material acaba poluindo as ruas e impactando o meio ambiente. A poluição visual e o descarte inadequado desses materiais são problemas recorrentes que exigem atenção, especialmente em um momento fundamental como o próximo domingo, 06 de outubro de 2024, quando ocorre o 1º turno das Eleições Municipais.
A poluição gerada pelos materiais de campanha
A cada eleição, a proliferação de materiais impressos aumenta drasticamente, afetando tanto os centros urbanos quanto as zonas rurais. A grande maioria desses itens é feita de papel, plástico, PVC e outros materiais de difícil reciclagem. Estima-se que, em eleições passadas, toneladas de resíduos eleitorais foram produzidas, sendo que uma pequena fração desse material foi reciclada, enquanto o restante seguiu para aterros sanitários ou, pior, foi descartado de forma irregular em ruas, rios e terrenos baldios.
O impacto ambiental de materiais como panfletos e adesivos é evidente. Plásticos, por exemplo, demoram séculos para se decompor, contribuindo para o aumento de microplásticos na natureza. Além disso, a poluição visual gerada por banners e placas temporárias espalhadas pelas cidades cria uma paisagem suja e desorganizada. Durante as chuvas, muitos desses resíduos acabam entupindo bueiros, o que agrava o risco de enchentes, principalmente em áreas urbanas densamente povoadas.
O custo ambiental e financeiro das campanhas eleitorais
O custo financeiro para a produção desses materiais não é desprezível. As campanhas eleitorais podem gastar milhões de reais em impressão de santinhos, placas e banners. Embora o investimento em marketing político seja necessário, a questão que fica é: vale a pena gastar tanto em materiais que, após o período eleitoral, se transformam em lixo?
Esse custo não é apenas financeiro, mas também ambiental. Segundo dados recentes, a fabricação de materiais plásticos e impressos consome enormes quantidades de água e energia, além de liberar gases de efeito estufa na atmosfera. O ciclo de vida desses produtos, desde a extração de recursos até o descarte, gera uma pegada ecológica substancial, contribuindo para a crise climática.
A necessidade de mudanças: inovações sustentáveis em campanhas eleitorais
Diante desse cenário, é fundamental que os candidatos e as campanhas comecem a adotar práticas mais sustentáveis. Com o avanço da tecnologia, campanhas digitais se tornam uma alternativa cada vez mais eficiente e ecológica. Redes sociais, e-mails e aplicativos de mensagens são ferramentas poderosas para engajar eleitores, reduzindo a necessidade de materiais físicos.
Algumas campanhas mais conscientes já estão adotando impressões em papel reciclado ou optando por utilizar menos recursos físicos. Embora ainda seja uma prática incipiente, a tendência é que essas inovações se tornem cada vez mais comuns, especialmente com a crescente conscientização do eleitorado sobre questões ambientais.
Além disso, algumas iniciativas já estão sendo adotadas por candidatos conscientes. A campanha Propaganda Eleitoral Sustentável, promovida pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), por exemplo, incentiva o descarte correto dos materiais de campanha e promove a reciclagem. As sobras de panfletos, adesivos e lonas estão sendo coletadas e destinadas a mais de 100 entidades de reciclagem.
Outras opções de campanhas eleitorais sustentáveis incluem, além do uso de papel reciclado, o papel semente, que se decompõem ou até podem ser plantados, camisetas ecológicas feitas de garrafas PET. Essas alternativas, apesar de ainda pouco difundidas, mostram que é possível fazer uma campanha eleitoral sem causar grandes impactos ao meio ambiente.
O papel do eleitor e a sustentabilidade
O eleitor também tem um papel fundamental na mudança desse cenário. Ao apoiar candidatos que adotam práticas sustentáveis, ele promove uma forma de política mais alinhada com os desafios ambientais atuais. A pressão por campanhas mais limpas e ecológicas deve vir não apenas de órgãos reguladores, mas também da sociedade civil.
No blog EcoSociedade, já discutimos a importância de escolher candidatos que realmente têm um compromisso com o meio ambiente, não apenas como discurso, mas em suas práticas políticas e eleitorais. Como destaquei no artigo sobre a relação entre política e sustentabilidade, “os eleitores devem estar atentos àqueles que buscam explorar a pauta ambiental apenas para ganhar votos”. Esse tipo de comportamento se reflete, inclusive, nas práticas de campanha, e é importante que o público se mobilize por uma mudança estrutural.
Um apelo à sociedade: Eleições 2024
Neste domingo, 06 de outubro de 2024, os brasileiros vão às urnas para o 1º turno das Eleições Municipais. É fundamental que eleitores e candidatos estejam conscientes do impacto ambiental das campanhas. Como cidadãos, podemos fazer nossa parte não jogando “santinhos” nas ruas e, principalmente, descartando o material que recebemos de forma adequada. Procure lixeiras de coleta seletiva e opte por materiais que sejam realmente necessários para a sua decisão de voto.
A escolha de candidatos comprometidos com a sustentabilidade é essencial para garantir que futuras eleições sejam menos poluentes e mais conscientes. A transformação para um modelo de campanha mais sustentável começa agora, e cabe a todos nós apoiar essa mudança. O meio ambiente agradece, e nós, como sociedade, devemos fazer nossa parte para minimizar a pegada ecológica das eleições.