Artivista Mundano: a Luta Ambiental no Brasil

O artivismo, uma fusão entre arte e ativismo, tem ganhado força em movimentos sociais e ambientais em todo o mundo. No Brasil, um dos maiores expoentes dessa prática é o artista Thiago Mundano, conhecido por transformar cinzas, resíduos e muralismo em obras de arte que denunciam a devastação ambiental.

Com trabalhos que interligam arte, consciência ambiental e crítica ao agronegócio e desmatamento, Mundano se destaca tanto nos grandes centros urbanos quanto nas regiões mais afetadas pela manipulação ambiental. Recentemente, seu trabalho chamou a atenção do público internacional por meio de uma matéria publicada pelo New York Times , onde ele criticou grandes empresas e o impacto do desmatamento em biomas brasileiros, como a Amazônia.

A Arte Como Forma de Denúncia e Resistência

Entre os projetos impactantes de Mundano está um mural que homenageia brigadistas que combatem incêndios florestais, inspirado no quadro “Retirantes” de Cândido Portinari. Para essa obra, ele percorreu áreas devastadas pelo fogo, como a Chapada dos Veadeiros e o Pantanal, coletando cinzas para usar como pigmento. O mural é, ao mesmo tempo, uma obra de arte e uma denúncia visual da devastação provocada tanto por queimadas criminosas quanto pela falta de fiscalização adequada​.

Em suas intervenções, Mundano frequentemente critica grandes corporações que, direta ou indiretamente, alimentam o ciclo de destruição. Um dos alvos recentes foi a multinacional Cargill , uma gigante do setor agrícola acusada de se beneficiar do desmatamento ilegal para a produção de soja. Sua arte se posiciona frontalmente contra práticas predatórias, mostrando como a busca incessante por commodities contribui para a manipulação ambiental no Brasil​.

A Conexão Entre Arte, Redes Sociais e Mobilização

Mundano em um de seus processos criativos
Mundano em um de seus processos criativos. Fonte: Reprodução Instagram

Mundano utiliza plataformas digitais, especialmente o Instagram, para ampliar o alcance de suas mensagens. Suas publicações e vídeos não apenas mostram suas obras, mas também chamam a atenção para causas ambientais e sociais urgentes. Além de promover campanhas de conscientização sobre a importância da preservação, ele envolve seu público na arrecadação de fundos para brigadas de incêndio e ações de reflorestamento​.

Seu artivismo é mais do que uma forma de expressão pessoal: é uma estratégia para fomentar debates públicos e pressionar empresas e governos por maior responsabilidade socioambiental. A capacidade de Mundano de unir diferentes públicos — artistas, ativistas, ambientalistas e cidadãos comuns — é um dos aspectos mais notáveis ​​do seu trabalho, que inspira uma geração a lutar por um futuro mais justo e sustentável​.

Impactos e Desafios: A Urgência da Luta Ambiental no Brasil

O contexto brasileiro é complexo e desafiador. Enquanto algumas políticas públicas buscam conter o avanço do desmatamento e mitigar os efeitos das mudanças climáticas, o agronegócio ainda exerce uma enorme pressão sobre áreas preservadas.

A Cargill, por exemplo, é frequentemente mencionada em relatórios de ONGs ambientais como uma das empresas que valorizam a gestão ambiental. Mesmo comprometendo-se a não comprar soja de áreas recém-desmatadas, a empresa tem sido associada a cadeias de produção que violam acordos ambientais e utilizam áreas protegidas para cultivo​.

Mundano usa sua arte para denunciar essa cadeia de produção. Em uma de suas ações recentes, ele criou murais que simbolizam o impacto do desmatamento e exibem mensagens de protesto. O artivista afirma que, além de responsabilizar as grandes empresas, é necessário conscientizar consumidores e governos sobre práticas sustentáveis ​​e políticas públicas que liberem a manipulação dos biomas brasileiros.

A Arte Como Agente de Transformação

Mundano exemplifica como a arte pode ser uma poderosa aliada na luta por justiça ambiental e social. Suas disciplinas não apenas embelezam o espaço público, mas também provocam reflexão e incentivam a ação. Em um momento em que a crise climática se agrava e a pressão sobre os recursos naturais aumenta, o artivismo surge como uma forma essencial de resistência e transformação.

Ao expor as consequências do desmatamento e do consumo inconsciente, Mundano nos lembra que a mudança é possível, mas exige engajamento coletivo. Sua arte é um convite para que todos se tornem protagonistas na construção de um futuro sustentável. O papel do artivismo no Brasil, portanto, vai além da estética: ele é um chamado urgente para a ação.

Cabe à sociedade apoiar e amplificar essas vozes, cobrando de governos e comprometendo-se com práticas sustentáveis ​​e responsáveis. Afinal, a arte, assim como a natureza, é uma forma de resistência e de esperança.

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